quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais cinco suspeitos de envolvimento na morte de camponês são presos em Rondônia

A Polícia Civil de Extrema (AM) e Polícia Militar de Vista Alegre de Abunã (RO) prenderam nesta quarta-feira (8) mais cinco suspeitos pelo assassinato do camponês Adelino Ramos, o Dinho, morto no último dia 27. O único que estava preso é Ozias Vicente, detido no dia 30, apontado como o autor dos disparos que matou o agricultor. Adelino foi morto na frente da mulher e das duas filhas enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã.
Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça de Lábrea (AM). Foram detidos Jobe Vicente (irmão de Ozias), Marcos Antônio Rangel, Odair Pinheiro, Zaqueu Jesus de Souza e Pedro de Jesus de Souza. Os suspeitos devem ser transferidos ainda hoje para a delegacia de homicídios de Porto Velho.
Quatro dos detidos já deveriam ter sido presos antes da morte de Adelino, já que em fevereiro a Justiça de Lábrea expediu mandado de prisão contra eles por conta de ameaças e agressões que o grupo vinha praticando contra assentados. A polícia, no entanto, não cumpriu os mandados, conforme a reportagem do UOL Notícias publicou na última sexta-feira (5). Dentre os presos hoje, apenas Odair Pinheiro não teve a prisão pedida em fevereiro.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, cerca de 300 homens da Força Nacional de Segurança já estão no extremo oeste do Estado, região mais críticas em conflitos agrários. Eles foram mandados pelo Ministério da Justiça para conter os conflitos pela posse de terra e devem ficar na região por cerca de três meses. Na sexta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se encontrar com o secretário da Segurança, Defesa e Cidadania, Marcelo Nascimento Bessa.

Polícia ignorou pedidos de prisão

Segundo a reportagem, o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, fez diversas notificações às autoridades policiais do Amazonas avisando que Dinho poderia ser morto a qualquer momento por madeireiros que atuavam ilegalmente no Amazonas e em Rondônia. O camponês denunciava as ações de destruição da floresta e de invasão de terras públicas por parte dos madeireiros.
As últimas notificações foram feitas em setembro de 2010 e em fevereiro deste ano. Em setembro, o ouvidor pediu proteção policial às famílias do assentamento onde Dinho morava, no extremo sul amazonense, que estavam recebendo constantes ameaças dos madeireiros, que circulavam armados pela região. Em fevereiro, Gercino pediu que fosse cumprido o mandado de prisão de Ozias e de mais 16 madeireiros –entre eles os que foram presos hoje.
Na sexta-feira, a reportagem procurou a Polícia Militar para saber o motivo pelo qual as notificações não foram atendidas, mas ainda não obteve uma resposta. A Secretaria de Segurança Pública foi procurada por meio de sua assessoria, mas afirmou que não podia atender a reportagem por conta de um evento que mobilizou todos funcionários do setor de comunicação.
O UOL Notícias procurou também a Justiça de Lábrea para saber por qual razão o mandado de prisão contra Ozias foi revogado, mas a Comarca informou que não tem autorização para repassar informações referentes a processos criminais.

Onda de mortes

Cinco camponeses foram mortos na região norte em menos de dez dias, quatro deles no sudeste paraense. O última morte foi de Marcos Gomes da Silva, 33, natural do Maranhão, assassinado em Eldorado dos Carajás no quarta-feira (1º).
Na semana passada, três mortes ocorreram em Nova Ipixuna, também no sudeste paraense: o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.
Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.

Militante assassinado

Postado por Mário Lúcio junho - 2 - 2011
Jô Moraes registra depoimento de Renato Rabelo
“O PCdoB não mudou a sua ideologia! Mais do que um simples discurso para confirmar esta assertiva, valho-me do fato vivo transmitido de Rondônia naquele momento. O aviso recebido é eloquente para demonstrar que o PCdoB continua combatendo na mesma trincheira de lutas vincadas em toda sua trajetória. É vasta a galeria de heróis e mártires que demonstra a saga da luta persistente do Partido, em várias ocasiões da sua história, onde muitos comunistas tombaram na luta pela liberdade e a democracia e em defesa da emancipação nacional, contra o arbítrio, a ditadura, o latifúndio sanguinário, a cruel exploração capitalista”, afirma o dirigente em seu pronunciamento, ao rechaçar mudanças de rumo, pragmatismos de ocasião. Argumentos de que se valem determinados críticos da legenda.
Pronunciamento
Eis a íntegra do depoimento do dirigente nacional comunista, Renato Rabelo, a que se refere a deputada federal Jô Moraes:
“Sexta-feira, 27 de maio. Descia eu a Serra do Mar, no litoral de São Paulo, rumo à Praia Grande, para participar do ato político comemorativo do 11º Congresso da Conam, a Confederação Nacional das Associações de Moradores. No carro que me conduzia naquela noite chuvosa, acabara de conceder uma entrevista, por telefone, ao jornal O Globo, quando recebi a mensagem transmitida pelo presidente do PCdoB de Rondônia, Manoel Nery, do assassinato covarde, numa emboscada nos arredores de Porto Velho, do nosso altivo camarada Adelino Ramos, o Dinho.
Antes, a jornalista d’O Globo, Isabel Braga, orientada por seu editor para redigir uma matéria sobre o PCdoB, me indagava porque o partido, apesar de ser “pequeno”, estava sempre metido destacadamente em grandes questões políticas… e ela me perguntava, também, se estávamos “traindo as bandeiras comunistas”, ou seja, se havíamos mudado de ideologia…
A retórica do conservadorismo e de suas cassandras, no afã de desmontar a esquerda no Brasil, procura divulgar que ela se tornou pragmática, sem ideologia definida. Ultimamente, tenta jogar o PCdoB na vala comum de que a esquerda no Brasil é uma “fantasia”. As críticas partem de análises simplistas e grosseiras, como a do professor Camilo Negri, (referência citada pela jornalista) querendo demonstrar nossa mudança ideológica ao dar o exemplo da deputada Manuela D’Ávila, que é “eleita com um discurso pelos direitos dos jovens, distante da antiga bandeira em defesa do proletariado”.
Em primeiro lugar, é preciso que se diga que a grande maioria dos jovens brasileiros hoje é composta de trabalhadores ou filhos de trabalhadores. Em segundo, mesmo na tradição comunista, sempre se deu destaque à organização dos jovens, em uniões de jovens comunistas, empenhadas em responder os anseios juvenis, elevando a consciência política da juventude.
O PCdoB não mudou a sua ideologia! Mais do que um simples discurso para confirmar esta assertiva, valho-me do fato vivo transmitido de Rondônia naquele momento. O aviso recebido é eloquente para demonstrar que o PCdoB continua combatendo na mesma trincheira de lutas vincadas em toda sua trajetória. É vasta a galeria de heróis e mártires que demonstra a saga da luta persistente do Partido, em várias ocasiões da sua história, onde muitos comunistas tombaram na luta pela liberdade e a democracia e em defesa da emancipação nacional, contra o arbítrio, a ditadura, o latifúndio sanguinário, a cruel exploração capitalista.
Esses militantes abnegados e decididos formam a argamassa que sustenta a longa existência do Partido Comunista do Brasil, na luta por seu ideal, desde sua fundação em 1922, como Maurício Grabois e os resistentes do Araguaia, Lincoln Cordeiro Oest, Carlos Danielli, Luís Guilhardini, Ângelo Arroio, João Batista Drumond, Pedro Pomar e, mais recentemente, João Canuto, Sebastião, Paulo Fonteles… Hoje, é Adelino Ramos, o Dinho. O mesmo militante do PCdoB atual, entre milhares de outros, camponês dedicado à defesa dos direitos do povo do interior, da inconclusa reforma agrária, enfrentando a prepotência dos grandes latifundiário da região, ameaçado de morte, caiu crivado de balas, na presença da mulher e das filhas.
O PCdoB não mudou de trincheira e ousa lutar! Nesta mesma noite no Congresso da Conam, com a participação de quase 2 mil delegados, representando mais de 20 mil associações de bairros, a presença dos comunistas tinha um papel destacado e protagonista na luta essencial pelos direitos básicos e oportunidades iguais dos moradores dos bairros periféricos das cidades, carentes das condições essenciais para uma vida digna. Na semana anterior, participei do 4º Encontro de sindicalistas do PCdoB, com lideranças sindicais vindas de 24 estados do país, demonstrando a ação crescente dos comunistas pela unidade classista das reivindicações fundamentais dos trabalhadores, dando uma contribuição decisiva para elevação do papel da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, organizada nesses três últimos anos) a uma nova etapa de crescimento. E também nossa participação em outras Centrais.
No âmbito dos jovens, parcela significativa da população brasileira, o PCdoB é força dirigente da UJS (União da Juventude Socialista), organização nacional fundada há mais de duas décadas, com 120 mil filiados, que tem papel protagonista principal entre os estudantes universitários e secundaristas, conseguindo manter a UNE e a Ubes como entidades únicas dos estudantes, em defesa de seus direitos e anseios, com diretorias plurais compostas de representantes de vários partidos.
O PCdoB tem uma atividade destacada entre as mulheres, onde o Partido organizou um Fórum Nacional para tratar especificamente da questão da mulher e dirige a UBM (União Brasileira de Mulheres) que luta pela emancipação da mulher e tem dado importante contribuição para desvendar as questões de gênero nas condições históricas atuais. O mesmo acontece no seio do movimento negro, através da Unegro, que destacadamente luta pela igualdade racial no Brasil, como também tem significativa militância em defesa da causa das minorias indígenas do país.
O PCdoB está assim inserido e atuante — como nunca — na luta libertária e emancipacionista de todo povo brasileiro. O PCdoB é um Partido de vida e ação permanente, que trata do aperfeiçoamento partidário constantemente, avançando na organização da sua militância, tendo realizado recentemente o 4º Encontro Nacional sobre Questões de Partido, com a participação de mais de 500 lideranças partidárias, para se dedicar exclusivamente acerca da atualização da construção do partido. O PCdoB mantém uma Escola Nacional de Quadros, com currículos consolidados em três níveis – básico intermediário e superior — onde tem formado milhares de quadros e militantes para a atividade política, teórica e partidária.
O partido publica uma revista teórica e de informação (Princípios), que completou agora 30 anos, divulgadora das ideias marxistas e progressistas, com uma extensa rede de colaboradores em todos os domínios do conhecimento científico e cultural em nosso país. O site Vermelho, sob a direção do PCdoB, é hoje um conceituado espaço de difusão e debate das idéias avançadas, propagador do programa e da política do Partido, por duas vezes campeão do prêmio iBest. A Fundação Mauricio Grabois – que é a fundação partidária do PCdoB — patrocina inúmeros seminários sobre a realidade brasileira, o capitalismo contemporâneo e a perspectiva socialista e inúmeros temas candentes nacionais.
O PCdoB tem hoje relações com mais de 200 partidos Comunistas, operários, revolucionários e democráticos no mundo. Realizou em 2008, em São Paulo, o 10º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, que contou com a presença de 65 Partidos de todos os continentes. Participa de vários fóruns internacionais, tendo uma ativa e crescente atividade internacionalista. Dirige o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), que congrega o movimento pela paz contra a guerra imperialista e organiza inúmeros eventos em nosso país e a realização de seminários internacionais em prol da luta pela paz. Participa ativamente do Conselho Mundial da Paz, que joga um destacado papel na luta dos povos contra o imperialismo e em defesa da paz.
O PCdoB tem bancadas parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que gozam de grande respeito e influência, sendo seus parlamentares chamados a contribuir em temas relevantes e em momentos decisivos numa demonstração da suas capacidades e experiência. Na crise mais aguda do primeiro governo Lula, em 2005, Aldo Rebelo foi chamado a disputar a presidência da Câmara dos Deputados, porque na base do governo era quem reunia melhores condições para afastar a ameaça da vitória da oposição. Recentemente, Jandira Feghali é chamada para contribuir em questão encruada, a redução de prazos e flexibilização de regras nas licitações para o bom andamento, no tempo devido, dos dois grandes empreendimentos sediados no Brasil: A Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
O relatório de Aldo Rebelo sobre o Código Florestal é o resultado de um trabalho meticuloso, experiente e equilibrado sobre um tema polêmico. Aldo, depois de longo período de viagens e consultas pelo Brasil afora, ouvindo vários setores da sociedade, trouxe à tona uma questão central: milhões de pequenos produtores e das propriedades familiares (grande maioria das propriedades rurais) estavam na ilegalidade perante o Código Florestal vigente. Por isso, era sempre adiada sua aplicação através de Medidas Provisórias. A produção de alimentos podia estar sendo colocada em xeque.
Aldo produziu um Código que leva em conta a realidade nacional, harmonizando meio ambiente e produção, com ações afirmativas que se sobrepõem às penalidades, com compensações ambientais para as áreas de preservação permanente e garantido as dimensões das reservas legais para os diversos biomas. A síntese elaborada por Aldo — numa demonstração de sua justeza em tema tão complexo — se impôs, teve aprovação de mais de 80% da Câmara dos Deputados. Os fatos falam mais alto. A maioria da Câmara não é composta apenas de ruralistas. Uma complexa questão social e econômica como esta, pôde ser resolvida, garantido, ao mesmo tempo, os fundamentos da preservação ambiental, que é uma conquista para afirmação de uma potência agrícola e ambiental.
Em suma, a doutrina e os objetivos do Partido são os mesmos definidos e redefinidos no seu Programa atual e no seu Estatuto. Após o episódio emblemático da queda do muro de Berlim e do fim da União Soviética, levando à apostasia uma grande leva de partidos comunistas e comunistas no mundo, o PCdoB, ao contrário, reavivou a sua identidade comunista e atualizou seus princípios revolucionários, antiimperialistas e anticapitalistas.
A outra indagação de por que o PCdoB, “partido pequeno”, ter projeção em importantes momentos políticos, já responde o que é o PCdoB hoje. O mesmo Partido que mantém a sua doutrina e a sua perspectiva revolucionária, tem procurado retirar lições das ricas experiências da luta pela construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista, no século passado. Assim, ao mesmo tempo em que se baseia em seus princípios e retira ensinamentos da luta passada, ele se renova e se atualiza para responder às exigências da época atual, definindo um novo Programa, uma nova política, construindo um Partido contemporâneo. Aqueles que nos criticam declarando que abandonamos nossa ideologia, em verdade desejam que o Partido Comunista seja apenas uma seita aclamando fanaticamente seus fundamentos, com uma política fundamentalista, como se fosse um tronco morto sem a seiva, sem participação e influência efetiva no curso político, à margem das grandes decisões nacionais.
O Partido Comunista ocupando espaços políticos importantes, disputando no curso político a influência popular, ameaçando hegemonia dominante, incomoda muita gente poderosa aqui e além mar. Para alcançar nossos verdadeiros objetivos, a política precisa estar consentânea com a realidade objetiva a fim de responder sua evolução, delineada por continuidades e mudanças, por velhos e novos desafios.
Hoje, baseado no Programa Socialista, o PCdoB tem contribuído para construir alianças necessárias para as transformações avançadas no sentido democrático, progressista e popular. Temos dado um aporte significativo para os êxitos do novo período político nacional, aberto com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e continuado com a vitória da primeira mulher para a Presidência da República em 2010. O PCdoB tem formado muitos quadros políticos, os quais têm dado sua contribuição no discernimento de temas importantes da vida nacional e em momentos agudos da luta política. Tem orgulho de contar, em suas fileiras, de quadros experientes, de jovens e de mulheres que ocupam importante papel na arena política nacional e nos governos, nas esferas econômica, cientifica, cultural e esportiva.
É nesse PCdoB vivo, atuante e contemporâneo que Dinho militou. Sua luta é a luta do PCdoB. Sua memória, assim como a luta que construiu e pela qual deu sua vida, continuará presente, no dia a dia da militância partidária e na busca do PCdoB por um Brasil democrático, soberano e socialmente justo”.

Inquérito policial do assassinato de líder camponês será entregue nesta quarta-feira

Osias Vicente é o único suspeito que será indiciado no inquérito policial. Ele está preso em Porto Velho (RO)

Extrema (RO), 07 de Junho de 2011

Antônio Paulo*

O delegado de Extrema, Talles Beiruth, responsável pelas investigações e inquérito do assassinato de Adelino Ramos
O delegado de Extrema, Talles Beiruth, responsável pelas investigações e inquérito do assassinato de Adelino Ramos (Divulgação/CPT)
O único suspeito de envolvimento no assassinato do líder camponês Adelino Ramos, Osias Vicente, 31, será indiciado por homicídio duplamente qualificado. Se condenado, poderá pegar de 12 a 30 anos de prisão.
O inquérito policial sobre o assassinato deverá ser entregue nesta quarta-feira (08) pelo delegado da Polícia Civil do distrito de Extrema (RO), Talles Beiruth, ao juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho.
O delegado informou que do inquérito é de 30 dias, mas como o autor foi logo identificado por meio de testemunhas, a prisão preventiva foi pedida.
Osias Vicente foi recolhido ao presídio, interrogado, indiciado e encaminhado ao presídio de Porto Velho.
A partir daí, começou a contar o prazo de dez dias por se tratar de reu preso.
Caso o inquérito policial não seja concluído nesta quarta-feira, Osias Vicente terá que ser libertado segundo o Código Penal Brasileiro. Daí a pressa do delegado de Extrema para concluir as investigações.
Encomenda
Osias Vicente está preso na capital rondoniense desde o dia 30 de maio. Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado três dias antes.
Talles Beiruth não pretende incluir outras pessoas no inquérito policial como mandantes do assassinato por não ter provas materiais concretas para fazer a acusação.
Mas o delegado dá pistas de que o crime pode ter sido encomendado ou de interesse de outros, o que pode ensejar em novas investigações.
A primeira insinuação é o fato de que Osias Vicente se diz autônomo e dono de uma pequena oficina de marcenaria em Vista Alegre do Abunã, onde Adelino Ramos foi assassinado.
O indício mais forte de que há pessoas por traz do assassinato de Dinho é a realização da Operação Dinísia II, da Polícia Federal.
Consórcio
Os agentes federais estavam na região de conflito antes da morte do líder camponês, mas a operação de combate à extração ilegal de madeira foi intensificada a partir do assassinato em 27 de maio.
Segundo o delegado de Extrema, mais de 40 veículos da PF chegaram à Vista Alegre; ocorreram diversas buscas e apreensões de material e prisão de oito madeireiros.
O delegado da Polícia Civil de Extrema de Rondônia diz que os policiais federais apuram, em Vista Alegre do Abunã, a relação de um suposto consórcio entre madeireiros da região, podendo existir certa ligação de evidência com o mandante do crime, mas essa certeza somente pode ser confirmada a partir de uma investigação. Ele aguarda essas informações da Polícia Federal.
“Temos motivos suficientes, por si só, para demonstrar que Osias Vicente tinha interesse na morte do Adelino, mas também não descartamos a hipótese de outras pessoas terem interesses; possam ter se conluiado a ele e estar envolvidas na morte da vítima. Se o suposto consórcio de madeireiros poderia está envolvido? Talvez, mas nada está confirmado. É temerário afirmar sobre esse ponto”, declara Talles Beiruth.
Disputa
O delegado Talles Beiruth, há quatro meses atuando em Extrema de Rondônia, com apenas dois agentes investigadores e um escrivão, não descarta a hipótese de haver mandantes da morte de Adelino Ramos, mas vai indiciar Osias Vicente por já ter elementos suficientes que apontam motivação e interesse no assassinato.
Ele cita depoimento do próprio Dinho, feito em agosto de 2010, à polícia de Lábrea, no Amazonas, onde faz denúncias da extração ilegal de madeira, na área do Projeto de Assentamento Florestal (PPAF) Curuquetê.
O principal motivo, apontado pelo delegado, era disputa pelas terras disponíveis para assentamento.
Dinho estava com o PAF, junto ao Incra, para assentar cem famílias e Osias, segundo as investigações de Talles Beiruth, também havia pedido uma área ao mesmo instituto para distribuir 3.000 alqueires a dez famílias em uma área ao lado do Projeto de Assentamento Florestal liderado por Adelino Ramos.
 “Nesse depoimento, a vítima diz que tinha sido procurado e comentado com a esposa que vinha sendo assediado tanto por Osias quanto pelo irmão dele e o estavam ameaçando de morte. Mas, ele nega as acusações. Diz que a demarcação foi feita acompanhada por uma equipe contratada por uma empresa particular, ligada ao Incra. Acompanhou a demarcação e que não ia à região, tampouco tinha contato com a vítima. Logo, não teria motivo para ser o autor do crime”, conta o delegado.

Líder da CPT em Rondônia diz a comitiva de senadores que é o "próximo a morrer"

Ex-assentado do Projeto Jequitibá, Sérgio Britto afirmou que, junto com Adelino Ramos, já fez várias denúncias sobre as ameaças

Extrema (RO), 08 de Junho de 2011

Antônio Paulo

Coordenador da CPT, Sérgio Britto (ao microfone), durante audiência realizada em Extrema, em Rondônia
Coordenador da CPT, Sérgio Britto (ao microfone), durante audiência realizada em Extrema, em Rondônia (Alfredo Fernandes /Agecom)
O coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de Extrema, distrito de Porto Velho, capital de Rondônia, Sérgio Britto, 50 anos, pode ser o próximo da lista dos líderes “marcados para morrer”.
Levantamento da CPT Nacional revela que 889 pessoas foram vítimas de ameaças de morte na região Norte entre os anos de 2000 e 2010.
Desse número, 215 foram assassinadas e 203, vítimas de tentativa de assassinato nos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em todo o País, 1.855 pessoas foram ameaçadas em uma década.
“Sabem o que dizem para mim? Você será o próximo a morrer. Mas, eu não tenho medo da morte. Se esta é a minha cruz, eu vou carregar (sic), como o companheiro Dinho carregou a dele. Cada um de nós tem uma cruz; quem quiser que assuma; quem não quiser que se acovarde porque covarde eu não sou. A gente vai continuar nessa luta, denunciando o que acontece por aqui”.
As declarações de Sérgio Britto, prenunciando o seu assassinato, foram testemunhadas pelos senadores-membros Comissão Externa do Senado, por representantes da OAB, Ministério Público Federal, dos Governos de Rondônia e Amazonas e pelos cerca de 200 participantes da audiência realizada em Extrema, nesta segunda-feira (07).
Os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Valdir Raupp (PMDB-RO), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) foram a Porto Velho acompanhar as investigações da morte do líder camponês, Adelino Ramos, o Dinho, e também ouvir as reivindicações dos agricultores, assentados e proprietários de terras da região da Ponta do Abunã (Extrema, Nova Califórnia, Vista Alegre e Fortaleza).
Lista
No comando da CPT local há um ano, Britto conta que nunca recebeu ameaça de morte pessoalmente, mas vários amigos e pessoas conhecidas de Extrema vêm lhe alertando. “Dizem que sou o próximo da lista. O amigo já até sonhou que estava morte”.
Ele conta que fazia parte, em 2008, do Projeto Jequitibá, um assentamento semelhante ao que Adelino Ramos estava implementando. Foram ameaçados e Sérgio Britto se retirou do projeto porque não havia segurança.
O líder católico não fala da família, mulher, filhos, nem onde mora.
“Aqui eu paro. Visito meus familiares, irmãos. Quem está nessa luta tem que estar em um lugar a cada dia. Infelizmente, a gente tem que ver isso aqui (ameaças, mortes) para que alguma coisa aconteça. Alguém tem que morrer. Jesus Cristo morreu na cruz para libertar seu povo. Muitos ainda vão ter que morrer para trazer essa liberdade porque o poder econômico constituído não quer e o Estado faz que não ver”.
Ameaças
Sem se intimidar com a presença de supostos “olheiros” de proprietários de terras e madeireiros que estariam presentes no encontro, Sérgio Britto disse que as ameaças de mortes e assassinatos vêm ocorrendo há 20 anos e apontou como verdadeiros culpados: o poder econômico e o Estado brasileiro que se faz ausente nas regiões de conflitos agrários.
As ameaças de morte foram denunciadas por Britto e por Dinho ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), em Brasília, e segundo ele, o Estado brasileiro nada fez para garantir a segurança dos líderes camponeses.
“Espero que vocês (senadores da Comissão Externa) voltem aqui com soluções para dar dignidade a esse povo, com regularização fundiária, saúde, segurança pública, educação, comunicação e não para fazer reunião porque estão matando gente no campo”.
Além de Adelino Ramos, ele lembrou do pastor Gedeão que foi fazer um culto no assentamento, que recebeu o mesmo nome do religioso, e foi morto a tiros.
“É o poder econômico que está matando esse povo e o Estado, sabia, sabe de todos esses fatos”.
Propina
O momento mais contundente da manifestação do coordenador da CPT foi quando ele respondeu ao senador de Rondônia, Valdir Raupp (PMDB).
O ex-governador do Estado havia dado um exemplo da ineficiência do Incra e demais instituições federais sobre a falta de regularização fundiária, havia 30 anos, da gleba Marmelo.
“Essa falta de documentação, criticada pelo senador Valdir Raupp, ocorre porque têm políticos estaduais, federais e municipais no meio. Tenho CPF e RG de todos esses políticos. Eles é que não deixam acontecer o georreferenciamento. O Incra pega suborno para não realizar a demarcação”, afirmou.
Sérgio Britto citou um juiz de Porto Velho, José Ribeiro da Luz, que teria sido preso em uma investigação feita pela Assembleia Legislativa de Rondônia.
Ele disse que o magistrado autoriza reintegração de posse, por sentença, desde que a pessoa apresente um contrato e afirme ser o proprietário da terra.
“A partir da decisão, a polícia vai lá e tira o agricultor da área. Faço essa denúncia pública e não tenho medo”.

POLÍCIA PRENDE MAIS 5 SUSPEITOS DE PARTICIPAÇÃO NA MORTE DE ADELINO RAMOS

Crimes em Vista Alegre


As investigações do assassino do líder camponês Adelino Ramos avançaram nesta quarta-feira com o cumprimento de 5 mandados de prisão expedidos pela Justiça do Amazonas contra outros suspeitos na participação do crime. A ação ocorreu em Extrema, onde foram presos Zaqueu Jesus de Souza, Pedro Jesus de Souza, Marcos Antônio Rangel, Odair Pinheiro Cunha e Jobe Vicente, irmão do suspeito de cometer o assassinato, Ozias Vicente. Todos serão conduzidos a Porto Velho.

Operação da PF prende irmão de deputado e tenta reduzir violência na Ponta do Abunã

Não poderemos deixar a morte de Dinho cair no esquecimento,sómente lembrado até a próxima morte de algum líder ou politico fluente.




Lebrão: "prisões são perseguições do IBAMA"Lebrão: "prisões são perseguições do IBAMA"Em 2006 o agora deputado estadual José Eurípedes Clemente, conhecido como Lebrão, comandou uma série de movimentos na região do Vale do Guaporé, contrários a atuação do IBAMA e da Sedam na região, que combatiam o desmatamento ilegal. Na época Lebrão dizia que “madeireiro não é bandido” e que assim eram tratados por órgãos de fiscalização.
Claro que madeireiros em sua maioria não são bandidos, mas em todas as áreas existem aqueles que “derrapam” e cometem excessos. Com os assassinatos de lideranças camponesas, dois no Pará e um em Rondônia, na semana passada, Brasília reagiu rapidamente e a Polícia Federal, que vinha há tempos monitorando alguns madeireiros, foi acionada e deflagrou nesta terça-feira a Operação Dinízia II, para combater a grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e o banditismo armado, inclusive com cobrança de pedágios, no Sul do Amazonas.
A região vem sendo foco de diversos crimes ambientais e relatos de desaparecimento de lideranças e conflitos chegam quase que diariamente, mas as autoridades demoram em reagir. Quando ocorrem crimes de repercussão, como a morte de Adelino Ramos, líder do Movimento Camponês de Corumbiara, ocorrida na semana passada, o governo se vê pressionado e rapidamente adota medidas como a que está em andamento. Antes tarde do que nunca.
Foram presos nesta terça-feira, Pedro Amarildo Clemente (irmão de Lebrão), Andre Bandeira Macari, Nedio Francisco Carbonera, Pedro Cesconeto, Ivo Armindo Ladwing, José Genário Macedo, vulgo “Ceará Popó” e Nixon Luiz Severino. Todos estão com grandes problemas junto ao IBAMA. Nixon Luiz, por exemplo, possui quatro áreas embargadas na região do sul do Amazonas. E só agora foi preso. Em sua fazenda a Polícia Federal declarou que foram apreendidas diversas armas, “um verdadeiro arsenal”, disse um dos delegados envolvidos na operação. Outro preso, Nedio Francisco Carbonera responde ações judiciais no Paraná, também por crimes ambientais.  Pedro Amarildo Clemente, irmão de Lebrão, já responde a ações penais por crimes ambientais, assim como a empresa S.P. Madeiras LTDA.
Conflitos
Há tempos vem sendo publicados relatos de conflitos naquela região. A Agência Brasileira de Inteligência  - ABIN, já identificou os principais líderes e repassou as informações para a Polícia Federal. Era questão de tempo a prisão dos envolvidos. Mas é preciso chegar mais fundo nessas investigações. Diversos camponeses foram embora da região devido a ameaças, denúncia de que milícias armadas percorrem propriedades também já foram feitas, mas foi preciso um assassinato de repercussão mundial, para que a União se movimentasse e prendesse os acusados.
Parentes
O irmão do deputado Lebrão foi o segundo parente de deputado estadual preso este mês pela Polícia Federal. O irmão do deputado Adelino Follador, Adriano Follador também foi preso no Rio Grande do Sul em uma outra operação, que investigava fraudes em licitações em venda de medicamentos em todo o País, inclusive em Rondônia. Adriano já está em liberdade.
Defesa
O deputado Lebrão disse que as prisões ocorridas nesta terça-feira são “perseguições do IBAMA” a lideranças do setor produtivo.

Obs:Claro que que quem está do lado,vai puchar a brasa sempre para seu churrasco...

ASSASSINATO DE DINHO REPERCURTE INTERNACIONALMENTE (FOTOS EXCLUSIVAS)


Dinho vinha sofrendo ameaças de fazendeiros e toreros e já havia denunciado para a Ouvidoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário

O assassinato do líder do Movimento Camponês Corumbiara, o agricultor Adelino Ramos  de 57 anos ocorrido  no distrito de Vista Alegre do Abunã município de Porto Velho, esta tendo uma repercussão internacional.
Dinho como era conhecido Adelino Ramos foi assassinado  por volta das 10 horas da manha quando vendia verduras que produzia em sua propriedade rural em um projeto de assentamento do Incra.
Dinho vinha sofrendo ameaças de fazendeiros e toreros e já havia denunciado para a Ouvidoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica divulgou nota oficial onde manifesta “total repudio e indignação ao assassinato de Dinho e informou que entrou em contato com a Policia Civil do governo do Estado de Rondônia e com a Policia Federal onde pediu a mais rigorosa atitude para investigar o caso e punir os criminosos, tantos os executores como possíveis mandantes".
É necessária uma ação enérgica e exemplar. Só coibiremos essa violência quando acabarmos com a impunidade”, diz o texto.