quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais cinco suspeitos de envolvimento na morte de camponês são presos em Rondônia

A Polícia Civil de Extrema (AM) e Polícia Militar de Vista Alegre de Abunã (RO) prenderam nesta quarta-feira (8) mais cinco suspeitos pelo assassinato do camponês Adelino Ramos, o Dinho, morto no último dia 27. O único que estava preso é Ozias Vicente, detido no dia 30, apontado como o autor dos disparos que matou o agricultor. Adelino foi morto na frente da mulher e das duas filhas enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã.
Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça de Lábrea (AM). Foram detidos Jobe Vicente (irmão de Ozias), Marcos Antônio Rangel, Odair Pinheiro, Zaqueu Jesus de Souza e Pedro de Jesus de Souza. Os suspeitos devem ser transferidos ainda hoje para a delegacia de homicídios de Porto Velho.
Quatro dos detidos já deveriam ter sido presos antes da morte de Adelino, já que em fevereiro a Justiça de Lábrea expediu mandado de prisão contra eles por conta de ameaças e agressões que o grupo vinha praticando contra assentados. A polícia, no entanto, não cumpriu os mandados, conforme a reportagem do UOL Notícias publicou na última sexta-feira (5). Dentre os presos hoje, apenas Odair Pinheiro não teve a prisão pedida em fevereiro.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, cerca de 300 homens da Força Nacional de Segurança já estão no extremo oeste do Estado, região mais críticas em conflitos agrários. Eles foram mandados pelo Ministério da Justiça para conter os conflitos pela posse de terra e devem ficar na região por cerca de três meses. Na sexta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se encontrar com o secretário da Segurança, Defesa e Cidadania, Marcelo Nascimento Bessa.

Polícia ignorou pedidos de prisão

Segundo a reportagem, o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, fez diversas notificações às autoridades policiais do Amazonas avisando que Dinho poderia ser morto a qualquer momento por madeireiros que atuavam ilegalmente no Amazonas e em Rondônia. O camponês denunciava as ações de destruição da floresta e de invasão de terras públicas por parte dos madeireiros.
As últimas notificações foram feitas em setembro de 2010 e em fevereiro deste ano. Em setembro, o ouvidor pediu proteção policial às famílias do assentamento onde Dinho morava, no extremo sul amazonense, que estavam recebendo constantes ameaças dos madeireiros, que circulavam armados pela região. Em fevereiro, Gercino pediu que fosse cumprido o mandado de prisão de Ozias e de mais 16 madeireiros –entre eles os que foram presos hoje.
Na sexta-feira, a reportagem procurou a Polícia Militar para saber o motivo pelo qual as notificações não foram atendidas, mas ainda não obteve uma resposta. A Secretaria de Segurança Pública foi procurada por meio de sua assessoria, mas afirmou que não podia atender a reportagem por conta de um evento que mobilizou todos funcionários do setor de comunicação.
O UOL Notícias procurou também a Justiça de Lábrea para saber por qual razão o mandado de prisão contra Ozias foi revogado, mas a Comarca informou que não tem autorização para repassar informações referentes a processos criminais.

Onda de mortes

Cinco camponeses foram mortos na região norte em menos de dez dias, quatro deles no sudeste paraense. O última morte foi de Marcos Gomes da Silva, 33, natural do Maranhão, assassinado em Eldorado dos Carajás no quarta-feira (1º).
Na semana passada, três mortes ocorreram em Nova Ipixuna, também no sudeste paraense: o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.
Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.

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