segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Trabalhadores do campo vão receber liberação de mais recursos em program...

Mais um sem-terra é assassinado pelo latifúndio no Pará


Na manhã do dia 25 de agosto foi assassinado mais uma liderança sem-terra no Estado do Pará, sendo a sexta vítima em menos de três meses. Valdemar Oliveira Barbosa liderava ocupações de terra e de terrenos urbanos e foi a nova vítima do latifúndio da ofensiva da direita contra os trabalhadores sem-terra



A liderança sem-terra Valdemar Oliveira Barbosa, conhecido como Piauí, foi assassinado por dois pistoleiros que o atingiram quando andava de bicicleta pelo bairro São Félix, no município de Marabá-PA.
Piauí era uma conhecida liderança da região, participava ativamente do movimento sindical, com filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá, e coordenou por vários anos um agrupamento de sem-terra que ocupou a fazenda Estrela da Manhã, no município de Marabá. A fazenda mesmo com diversas ocupações não foi desapropriada e Valdemar foi para a cidade e coordenava uma ocupação urbana no bairro Nova Marabá, onde residia com sua família.
Recentemente passou a coordenar um grupo de famílias que ocupavam a Fazenda Califórnia no Município de Jacundá, onde no final de 2010 houve um despejo realizado pela ação conjunta da polícia militar, justiça e os latifundiários.
Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra) “a Fazenda Califórnia está localizada a 15 km de Jacundá e, além de pecuária é envolvida com a atividade de carvoaria. Pistoleiros teriam sido contratados pelo fazendeiro para impedir uma nova ocupação do imóvel. O assassinato de Piauí pode ter ligação com a tentativa de reocupação da fazenda” (www.cptnacional.org.br, 25/08/2011). 
A ofensiva do latifúndio aliada com a impunidade 
Piauí foi a sexta vítima de assassinato realizada pelo latifúndio em menos de três meses no Estado do Pará. A ofensiva realizada vem de longa data, mas se agravou a partir do mês de Junho quando o corpo do acampado numa área do Projeto de Assentamento Sapucaia Marcos Gomes foi encontrado em Eldorado dos Carajás.  Dias depois o sem-terra Obede Loyola Souza foi assassinado com um tiro na orelha, no município de Tucuruí. No mês seguinte houve o assassinato do casal de extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo no município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. No mesmo mês no município de Dom Eliseu o assentado Francisco Soares de Oliveira foi assassinado por pistoleiros.
Se adicionarmos Rondônia, nesse período o número de sem-terra assassinados sobe para sete, aumentando também a lista de dirigentes sem-terra assassinados, pois Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado em maior no município de Vista Alegre do Abunã, em Rondônia. Dinho era liderança do MCC (Movimento Camponês de Corumbiara).
Até o momento a polícia e a justiça burguesa não puniram nenhum dos responsáveis pelos assassinatos, e na maioria dos casos sequer descobriu os culpados. A CPT acusa o comportamento da polícia de estar investigando as vítimas e não os latifundiários responsáveis pelos assassinatos.
Essas afirmações apenas reforçam o verdadeiro papel da polícia e da justiça burguesa de atuar contra os sem-terra, seja nas reintegrações de posse ou na libertação dos latifundiários assassinos. 
Programa Terra Legal impulsiona assassinatos 
O aumento do número de assassinatos na região norte do país nos últimos anos está caminhando lado a lado com um programa implantado pelo governo chamado “Terra Legal”.
O programa do governo federal lançado em 2009 sob a alegação de preservar a floresta amazônica, mas que se revelou um grande apoio do governo federal aos grileiros e latifundiários da região norte.
As áres “beneficiadas” pelo programa são as mesmas onde estão ocorrendo os assassinatos na região norte. Os municípios onde ocorreram os assassinatos estão todos no programa Terra Legal.
A CPT de Rondônia afirma em seu Blog (cptrondonia.blogspot.com) “a corrida provocada pelo registro de terras do Terra Legal estaria provocando o recrudescimento de conflitos na região de Vilhena e Sul do Estado”.
Após a implantação do projeto o número de assassinatos que, segundo dados da CPT, vinham diminuindo pulou de 26 assassinatos em 2009 para 34 no ano de 2010. Nesse período o número é 30% maior do que o registrado em 2009. O relatório “Conflitos no CampoBrasil 2010” mostra que o maior número de mortes ocorreu na região Norte (21 casos), sendo o Pará é o estado com maior registro deassassinatos, 18, número 100% maior do que em 2009. Principalmente nas áreas do projeto.
O que o Governo Federal está fazendo é utilizando o programa de regularização fundiária para legalizar as terras dos latifundiários da região. Nesse sentido, os latifundiários expulsam violentamente qualquer acampamento ou ocupação na proximidade de suas áreas para não haver questionamento das áreas griladas.
A impunidade dos assassinatos, juntamente com o apoio dados pelo governo e organizações de esquerda como p PT e o PCdoB, estão encorajando os latifundiários a realizar uma matança no campo.
Devido a este fato, os trabalhadores sem-terra não podem confiar em nenhum órgão governamental controlado pelos latifundiários. Devem confiar apenas nos seus próprios meios de defesa, levantando a reivindicação de autodefesa dos trabalhadores sem-terra contra os ataques da direita latifundiária. Pela expropriação sem indenização do latifúndio.

Morte no Campo

Maria Clara Lucchetti Bingemer
Por Maria Clara Lucchetti Bingemer
Primeiro foi Chico Mendes, o apóstolo da ecologia, e a nação se comoveu. Depois, Dorothy Stang e novamente houve comoção, sobretudo, desta vez, por parte da Igreja, que emocionada celebrou o testemunho da missionária que veio do Norte para dar a vida nas terras sofridas do Pará. A impunidade dos crimes e a falta de proteção os ambientalistas e defensores de direitos humanos animou novamente os assassinos.

Da longa lista de 125 nomes marcados para morrer, quatro perderam a vida na última semana. O casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo foram os primeiros. Conscientes do risco que corriam, da ameaça que pesava sobre suas cabeças, os dois permaneceram onde estavam, apoiando-se no amor mútuo que os unia e no ideal de vida a que se tinham proposto. Maria se apoiava em José Cláudio, em sua força, em sua liderança, em sua entrega. Sentia-se fraca, mas morrer com ele seria melhor do que viver sem ele.

A morte chegou de emboscada, prevista e esperada. E o casal, desprotegido, tombou por terra. Seu funeral, acompanhado por uma multidão de pessoas que não conseguiam esconder sua tristeza e emoção, demonstra o quanto eram queridos e amados e quanto seu amor à causa era importante para a comunidade à qual pertenciam. Da linhagem de Irmã Dorothy, da qual eram muito amigos, Maria e José Cláudio são agora mártires da causa da terra.

Depois foi Dinho, em Rondônia. Líder da Associação Camponesa do Amazonas e sobrevivente do massacre de Corumbiara, ocorrido em agosto de 1995 e no qual 13 agricultores foram executados, Adelino Campos era conhecido por fazer denúncias de extração ilegal de madeira na região Norte do país. Abatido com cinco tiros diante da mulher e dos filhos, em casa, onde acabara de chegar com seu caminhão carregado de verduras plantadas no acampamento em que vivia, Dinho é mais um da lista dos marcados agora eliminado. E agora, em Eldorado dos Carajás, mataram Marcos Gomes da Silva.

A investigação prossegue e tudo indica que são mortes encomendadas, precedidas por ameaças. Uma das testemunhas do assassinato de José Claudio e Maria foi encontrada morta, em evidente queima de arquivo.

Até quando prosseguirão impunemente silenciando aqueles que levantam a voz para defender as riquezas naturais do país e as populações que delas vivem? Até quando extrativistas e agricultores terão que viver sob o império do medo de encontrar a morte a qualquer momento, em qualquer curva da estrada, atrás de qualquer árvore?

Os assassinos de Irmã Dorothy foram presos, julgados e depois soltos, e novamente presos, e novamente soltos. Espera-se que nos casos recentes a tramitação das investigações seja mais rápida e os criminosos que, segundo a polícia, já foram identificados, sejam julgados e presos. Mas parece evidente que eles foram meros executores. Será que se conseguirá chegar aos cabeças, aos mandantes dos crimes?

A presidente Dilma Rousseff mandou investigar. A polícia aparece dando declarações. A população e a família dos mortos pede justiça. No entanto, paira uma nuvem de desconfiança e ceticismo em todas as declarações. É conhecida na história do Brasil a enorme dificuldade de fazer justiça nesses casos, assim como a morosidade do Judiciário quando se trata de apurar crimes e julgá-los adequadamente.

Existe medo de que novamente a impunidade prevaleça e a justiça não seja feita. Como gratidão a estes e estas que diariamente arriscam suas vidas para defender o que é de todos, seria de se esperar que as providências fossem rápidas e eficientes. Pois a lista é longa e os crimes parecem haver apenas começado. Se não houver reação clara e decisiva, tudo indica que podem continuar.

Tomara que não se acabe chegando à conclusão de que ser brasileiro está virando um negócio perigoso. Oxalá aqueles que corajosamente assumem as causas do povo brasileiro não desanimem e continuem em sua luta corajosa e difícil. Deus permita que os últimos acontecimentos não desencoragem os outros ambientalistas que lutam para que o que é nosso seja preservado e protegido da exploração ilegal e aventureira.

Desde o Antigo Testamento, Deus responde ao sangue das vítimas que desde a terra, clama por justiça. Ele certamente responderá também ao apelo do sangue derramado de José Cláudio, Maria e Dinho.Para que muitos outros não tenham o mesmo destino.
Maria Clara Lucchetti Bingemer - Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.

sábado, 20 de agosto de 2011

Corumbiara ainda lateja!


Apresento as minhas Reflexões em Versos.
Sejam bem vindos!

Corumbiara ainda lateja!

Duas pessoas, do lado dos sem terras ocupantes da Fazenda Santa Elina, líderes da ocupação e do MCC- Movimento Camponês Corumbiara, fundado  em fevereiro de 1996,foram julgadas e condenadas  cinco anos depois,pela morte de dois policiais militares; alguns policiais foram julgados e condenados. Mas, sabemos que  a força policial cumpre ordens, o que ela já havia feito em Carandiru, na Candelária,  fez em 1996 em Eldorado dos Carajás, entretanto, quem as mandou massacrar seres humanos?
Entrando nos links abaixo, terão mais informações.
http://www.reflexoesemversos.com.br/
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2011N9768
http://hastalavictoriasempre.blogspot.com
http://camponescorumbiara.blogspot.com/2011/07/incra-conclui-processo-de-aquisicao-da.html?showComment=1310909095083#c6382073527546906516
http://joaopaulo.ning.com/profiles/blogs/manifesto-por-claudemir-e-c-cero
http://www.joaopaulo.org.br/images/pdf/pl%2020002011.pdf
Precisamos abraçar essa causa e  lutar para que seja concedida anistia  aos agricultores lideres da ocupação,Claudemir e Cícero e para que o governo indenize  as famílias   que foram vitimas dos massacre.
O deputado federal João Paulo Cunha PT-SP, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal  apresentou   projeto de lei, protocolando-o no Congresso Nacional. Necessário se torna uma ampla mobilização a favor dessa causa, desencadeada por segmentos da sociedade, partidos  de esquerda, ONGs, entidades de direitos humanos,profissionais da área social, com a participação da sociedade de modo geral.
Os trabalhadores do campo, conhecidos como os sem-terra, não são meliantes, vagabundos, desocupados, são seres humanos que querem trabalhar a terra. E dela tirar seu sustento, de suas famílias e contribuir para o desenvolvimento  da sociedade.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Conflito de terra na Amazônia: Comissão quer debater resultados


A Comissão Externa, criada para acompanhar as investigações dos assassinatos dos trabalhadores rurais nos Estados do Pará e Rondônia, quer debater os resultados dos seus trabalhos numa audiência pública, com data ainda a ser definida. Requerimento nesse sentido foi apresentado nesta quinta-feira (18/08) pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que coordena a Comissão.



O pedido da senadora é que a apresentação seja feita em audiência pública conjunta das duas Subcomissões da Amazônia existentes no Senado, uma ligada Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e outra à Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR). Essa é presidida pela própria senadora.

A Comissão Externa esteve em Extrema, a 356 quilômetros de Porto Velho (RO), próximo de Vista Alegre do Abunã, onde foi assassinato o líder do Projeto de Assentamento Florestal (PAF), Adelino Ramos, o Dinho. Esteve também no assentamento de Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), onde foram assassinados no dia 24 de maio o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.

Nessas localidades, a Comissão recebeu denúncias de que as autoridades policiais não conseguem avançar na apuração dos crimes. “A Polícia Federal parece pouco aparelhada para tocar as investigações e a polícia civil demonstra pouco interesse em investir no processo e desvendar os crimes”, diz o manifesto encabeçado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e entregue aos senadores.

A Comissão Externa pretende propor aos governos um elenco de medidas que garantam a segurança, política de regularização fundiária e a presença do poder público na região.

Da Assessoria de Comunicação

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Causa Operária entrevista militante sem-teto ameaçado de morte em Manaus


Neste domingo, 14 de agosto, Julio Cesar Ferraz de Souza foi entrevistado por Causa Operária. Ele relata a situação da região com a grilagem de terra e a perseguição aos ativistas

16 de agosto de 2011
Membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-teto (MTST), Júlio Cesar Ferraz de Souza conversa com Causa Operária sobre a situação da luta pela terra em Manaus. Ele veio a São Paulo para divulgar a verdadeira “terra sem lei” que é o estado para poder voltar para sua cidade e não ser assassinado por defender reivindicações populares como a moradia.
Ele está entre as 31 pessoas listadas pela Comissão Pastoral da terra (CPT) por estarem ameaçadas de morte no estado em conseqüência da luta pela terra. Júlio sofreu sete atentados e sua filha recém nascida está escondida por também estar correndo risco.
Durante a entrevista, Julio relatou as ameaças e atentados que sofreu. Contou também sobre o coronelismo no estado, em que 13 famílias controlam a imprensa, tribunais e a política local.
As pessoas que moram na região em que Adelino morreu continuam fugindo com medo. O camponês Adelino Ramos, ex-líder do MCC (Movimento Camponês Corumbiara), foi assassinado a tiro por jagunços que obedeciam a ordens de madeireiros que atuavam na divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia. De acordo com os relatos das testemunhas, Adelino Ramos estava trabalhando vendendo verduras quando foi executado com tiros à queima roupa por um motociclista.
As ameaças são feitas por latifundiários e madeireiros dos Estados do Tocantins, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia, Acre e Pará.
Os fatos relatados por Julio confirmam uma feroz perseguição contra os trabalhadores para evitar o desenvolvimento da luta do campo e a organização dos movimentos de luta pela terra e por moradia.
Há uma clara ofensiva da direita contra os movimentos do campo, onde aumentou o número de assassinatos, ameaças de morte, despejos e a repressão por parte da polícia e grupos e extermínio que agem sob a cobertura do governo.
A defesa de Júlio deve ser levada adiante pelos movimentos de esquerda e de luta. A imprensa operária deve ser uma tribuna de denúncia e de campanha política em defesa das reivindicações populares. A imprensa burguesa serve ao latifúndio e aos políticos burgueses atacando os que lutam no País. Além disso, estão numa acintosa campanha pela colocação do exército na região que não atuará em defesa dos trabalhadores, mas para manter a atual ditadura contra os pobres. Confira a entrevista na próxima edição impressa de Causa Operária, de 21 de agosto.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Amazônia - Na mira dos pistoleiros 17/08/2011 - Fonte: O Eco Amazônia Vandré Fonseca*


Expansão da agropecuária é apontada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) como responsável pelos conflitos de terra na região amazônica.



Aos 45 anos, Nilcilene Miguel de Lima é uma amazônida exilada dentro da Amazônia.  Está longe da família e da terra onde ainda sonha cuidar de seus seis mil pés de café e da roça de banana.  Desde que escapou de uma emboscada, vive sob efeito de remédios, escondida e assustada.  Deseja muito voltar para casa, no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) de Gedeão, em Lábrea, no Amazonas, mas isto pode custar sua própria vida.  Entre todas as notícias que recebe de lá, uma é sempre repetida: se ela voltar, morre.

Um pistoleiro contratado para matá-la mantém a ameaça contra a vida de Nilcilene.  “Ele disse que queria me matar e também quebrar a minha perna”, conta a agricultora.  E o pior, segundo ela, é que o pistoleiro contratado para o “serviço” é conhecido, teria sido autor de uma morte no Acre e mesmo assim continua livre.  “Ele está dentro do assentamento, para me matar”.

Filha de seringueiros, com quatro filhos nascidos e um na barriga, ficou viúva.  Quando o primeiro marido, Chico Seringueiro, foi morto devido a conflitos de terra, ela foi morar na rua.  Os filhos foram para um educandário até que ela conseguiu uma nova colocação e começou a trabalhar.  Casou novamente e foi morar nas terras da sogra, em Extrema, Rondônia.  Por lá passou 12 anos, até que se mudou para as terras no Sul do Amazonas.

Em junho de 2010, quando já era presidente da Associação Deus Proverá (ADP), que reúne agricultores e seringueiros, foi espancada por homens flagrados por ela retirando madeira.  Até hoje sente dificuldades para ouvir em um dos lados devido à pancada que recebeu.  Procurou a polícia, fez exames, foi para Manaus, mas acabou retornando a Lábrea e recebeu o ultimato, deveria sair até agosto daquele ano.  “Chegou o mês, queimaram minha casa e todo meu café”, conta.

Este ano, apontada por madeireiros e grileiros com autora de denúncias que levaram o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a agir na região, voltou a ser ameaçada.  Recebeu de amigos o alerta sobre o pistoleiro que a esperava e conseguiu fugir.  No dia 10 de junho estava longe de Lábrea, protegida, mas assustada e triste pela distância das terras e da família.  “Quem deveria estar preso eram o pistoleiros e os matadores, mas quem está presa sou eu”, lamenta.

Nilcilene escreveu até uma carta em que culpa o estado brasileiro no caso de ser assassinada.  “Eu quero é que prendam os bandidos e deixe o povo trabalhar, somos brasileiros.  Quero voltar para ao meu lugar”, apela.  Ela conta que agricultores e seringueiros vivem pressionados pelos grileiros e madeireiros que compram madeira dos assentamentos.  Quem não vende corre o risco de morrer.  “Eles não vivem lá, não vivem do suor.  Eu sou nascida na mata, seringueira, defendo o meio ambiente”, afirma.

O assentamento fica na Vila Califórnia, uma região no sul do Amazonas, bem perto da divisa com os estados de Rondônia e Acre.  Por lá vivem cerca de 500 famílias entre seringueiros e assentados da reforma agrária.  Fica na mesma região onde vivia o líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, assassinado em Rondônia no final do mês de maio.  Dinho era sobrevivente do massacre de Corumbiara (RO) e presidente do Movimento Camponeses Corumbiara e da Associação dos Camponeses do Amazonas.  Foi morto ao estacionar o carro em que levava verduras produzidas no acampamento para vender.

Violência no Amazonas

Embora o número de assassinatos em decorrência de conflitos por terra no Amazonas ainda esteja entre os menores da Amazônia Legal, o estado já é campeão, ao lado do Pará, em número de ameaçados.  São 30 em cada um dos dois estados.  Só na região da Vila Califórnia, de onde veio Nilcilene, existem mais cinco pessoas ameaçadas.

Os casos trouxeram representantes da Secretaria dos Direitos Humanos (SDH) do governo federal à região.  Depois de entrevistas e visitas a locais de conflitos, chegaram a um total de 131 pessoas ameaçadas na região.

Na análise do advogado José Batista Afonso, da CPT do Pará, a violência acompanha a expansão da fronteira agrícola e a exploração da madeira.  É o que está acontecendo no Sul do Amazonas, onde o desmatamento aumenta ao mesmo tempo em que a grilagem e os casos de violência.  E foi o que aconteceu em outros estados, como o Mato Grosso, Rondônia e Acre.

Mas os casos não se limitam a estas regiões.  Em Mamirauá, calha do Rio Solimões, a centenas de quilômetros do Arco do Desmatamento, ribeirinhos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, famosa por seus planos de manejo, afirmam ser ameaçados por pescadores e políticos de Fonte Boa (AM) devido à pesca nos rios da região.  Ribeirinhos mantém projetos de exploração sustentável de Pirarucu e acordos de pesca em lagos do local limitam a atividade de pescadores.

Segundo dados da CPT, no ano passado 18 pessoas foram mortas no Pará.  Além dos assassinatos, em 2010 foram registradas 41 tentativas de homicídio na Amazônia Legal, 110 pessoas receberam ameaças de morte em estados da região, duas foram torturadas, 21 presas e 20 agredidas.

A impunidade e falta de ação das autoridades contribuem para esta situação.  No caso de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, cerca de dois meses depois do assassinato, no Pará, a polícia civil completou o inquérito e indicou nomes dos supostos autores, mas até agora ninguém foi preso.  O fazendeiro José Rodrigues Moreira, apontado como um dos mandantes, pretendia ampliar a área de criação de gado dentro da reserva extrativista e estava pressionando agricultores, segundo a CPT, com ajuda de policiais militares e civis.  O casal morto se opunha a esta ampliação.

Além de Rodrigues, há nomes de dois executores: Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento.  A polícia pediu a prisão temporária dos três, com parecer favorável do Ministério Público, mas o pedido foi negado pelo juiz da 4a.  Vara Criminal de Marabá, Murilo Lemos Simão.  Outro pedido, de prisão preventiva, também foi apresentado pela polícia e negado pelo juiz.  Desde então, entidades pedem o afastamento de Simão do caso.

Em nota recentemente divulgada à imprensa e assinada por 11 organizações, entre elas CPT e CNS, a decisão do juiz contribuiu para que os acusados fugissem da região e é “mais um passo a favor da impunidade que tem sido a marca da atuação do Judiciário paraense em relação aos crimes no campo”.  Testemunhas estariam sob risco, já que seus nomes foram divulgados pela polícia.  Caso um novo juiz não seja apontado, organizações pedirão a federalização do processo.  Outra crítica feita ao juiz é quanto à decretação de sigilo das investigações, mesmo sem que isto tivesse sido solicitado.

* colaborou Luciana Nanci

15 de Agosto de 2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre Corumbiara


Corumbiara, Eldorado dos Carajás, será que serão os últimos? Tomara que sim! Porque é angustiante perceber que pessoas que querem trabalhar, querem cultivar a terra, recebem tal tratamento, e das autoridades constituídas!
Por que tanta terra em mãos de um só proprietário? Por que uma pessoa pode ter uma tv de 4.000 reais e milhões de pessoas vivem na miséria?
São fatos da realidade que eu não consigo assimilar!
Essas pessoas que foram condenadas, está claro que foi porque eram lideres, pois numa situação de tiroteio, como que ficou estabelecido quem matou quem? As familias estavam dormindo e  todo um contigente armado chegou atirando para todos os lados. Mas é possivel dizer qual dos membros do contingente  matou a menina Vanessa? Se é possivel, porque não foi condenado quem a matou? Pelo crime contra a vida dela? Porque foram condenados, justamente, dois lideres da ocupação da Fazenda Santa Elina?
Esses julgamentos parciais tem que ser anulados, seus resultados tem que se ser revertidos.
Tantos figurões por aí comentendo tantos crimes do colarinho branco! E as condenações deles, quando serão?
Eu sou apenas uma pessoa, realmente, a sociedade  conduzida pela midia oficial, trata muito mal os lavradores sem terra. Muitos os consideram vagabundos, invasores de propriedade alheia( é porque o cocneito de propriedade burguesa é muito forte, então, é fácil para a midia " fazer a cabeça " das pessoas.).
Não há uma conscientização a respeito da questão das terras que estão aí, nas mãos dos latifundiários, que foram griladas há muito tempo atrás e passaram pelas gerações da mesma familia.
Na verdade, o que existe é um completo desconhecimento por parte da sociedade, da verdadeira historia desses mais de 500 anos desde a chegada dos conquistadores /exploradores portugueses..
A final, a quem pertence a terra?
Ela faz parte de Natureza, assim como a água e o ar-todos elementos necessários à vida no planeta mas que são  comercializados  por pequenos grupos e acabam por serem negados ao povo .


Arlete Guimarães
Assistente Social e Poeta
Belém-Pa

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arlete barbosa guimarãesComentário de arlete barbosa guimarães 5 horas atrás
Se existe o instrumento da Anistia, se um Deputado elaborou projeto é porque existe a possibilidade que haja a utilidade.Afinal, os alvos são seres humanos cujos supostos delitos ocorreram em meio à defesa contra um ataque; à resistencia à opressão. Entendo que por mais que eles tivessem armas elas não eram nada diante de um contingente de força policial militar poderoso que atacou durante a madrugada, perdurando até as 7 horas da manhã, como está relatado em todos os textos sobre o tema. Então, porque não ser solidário a essa causa, ou seja, pela aprovação do projeto de Lei concedendo anistia a dois pais da familia, líderes de movimento, que muito podem fazer por suas comunidadese , por seus companheiros de luta, pelos trabalhadores sem terra? Os movimentos sociais de luta pela terra são organizações legítimas face a seus propósitos e não se entende porque criminalizá-los E a Reforma Agrária está na Constituição e ainda que não seja a ideal, jamais foi feita nem como é prevista na Lei maior. Os dois líderes sem terra, foram acusados de ser um grupo armado dentro da ocupaçâo e um deles, até de que estava mantendo as familias retidas na área. Pelo que li em todos os relatos e na propria sentença, até parece que é como se as autoridades dissessem: "voces ocupam ,mas quando chegarmos atirando ,voces não têm od ireito de se defender, de estarem armados na expectativa de um ataque." Na verdade,o que se entende é que foi preferivel acusá-los de serem um grupo armado dentro da ocupação e até de cárcere privado ,do que admitir que eles precisavam estar armados para se defender.e a seus liderados.