quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Causa Operária entrevista militante sem-teto ameaçado de morte em Manaus


Neste domingo, 14 de agosto, Julio Cesar Ferraz de Souza foi entrevistado por Causa Operária. Ele relata a situação da região com a grilagem de terra e a perseguição aos ativistas

16 de agosto de 2011
Membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-teto (MTST), Júlio Cesar Ferraz de Souza conversa com Causa Operária sobre a situação da luta pela terra em Manaus. Ele veio a São Paulo para divulgar a verdadeira “terra sem lei” que é o estado para poder voltar para sua cidade e não ser assassinado por defender reivindicações populares como a moradia.
Ele está entre as 31 pessoas listadas pela Comissão Pastoral da terra (CPT) por estarem ameaçadas de morte no estado em conseqüência da luta pela terra. Júlio sofreu sete atentados e sua filha recém nascida está escondida por também estar correndo risco.
Durante a entrevista, Julio relatou as ameaças e atentados que sofreu. Contou também sobre o coronelismo no estado, em que 13 famílias controlam a imprensa, tribunais e a política local.
As pessoas que moram na região em que Adelino morreu continuam fugindo com medo. O camponês Adelino Ramos, ex-líder do MCC (Movimento Camponês Corumbiara), foi assassinado a tiro por jagunços que obedeciam a ordens de madeireiros que atuavam na divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia. De acordo com os relatos das testemunhas, Adelino Ramos estava trabalhando vendendo verduras quando foi executado com tiros à queima roupa por um motociclista.
As ameaças são feitas por latifundiários e madeireiros dos Estados do Tocantins, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia, Acre e Pará.
Os fatos relatados por Julio confirmam uma feroz perseguição contra os trabalhadores para evitar o desenvolvimento da luta do campo e a organização dos movimentos de luta pela terra e por moradia.
Há uma clara ofensiva da direita contra os movimentos do campo, onde aumentou o número de assassinatos, ameaças de morte, despejos e a repressão por parte da polícia e grupos e extermínio que agem sob a cobertura do governo.
A defesa de Júlio deve ser levada adiante pelos movimentos de esquerda e de luta. A imprensa operária deve ser uma tribuna de denúncia e de campanha política em defesa das reivindicações populares. A imprensa burguesa serve ao latifúndio e aos políticos burgueses atacando os que lutam no País. Além disso, estão numa acintosa campanha pela colocação do exército na região que não atuará em defesa dos trabalhadores, mas para manter a atual ditadura contra os pobres. Confira a entrevista na próxima edição impressa de Causa Operária, de 21 de agosto.