sexta-feira, 10 de junho de 2011

Assentados estão com medo, afirma lavrador do PA



O lavrador Manoel Santos Silva parou ontem sua canoa na lagoa em frente à casa do agricultor José Martins, no assentamento agroextrativista de Nova Ipixuna (sudoeste do Pará) onde três pessoas foram assassinadas em menos de uma semana.
Ele desceu do barco para comprar a farinha fabricada pelo vizinho, mas não encontrou ninguém lá. Martins correu antes para se esconder no meio da floresta.
Ameaçado de morte por grileiros que incendiaram sua casa, o colono deixou para trás panela no fogão de lenha e mandiocas descascadas no chão de terra batida.

Funeral do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva em Marabá (PA)
Funeral do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva em Marabá (PA)
"Ele está assombrado, como todo mundo no assentamento", disse Silva, referindo-se ao medo que tomou conta do lugar após a morte dos líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, e do agricultor Eremilton Pereira dos Santos.
No local, 366 famílias vivem espalhadas em 22 mil hectares. As glebas são intercaladas por pastagens, lagoas e manchas da floresta amazônica. O acesso pela estrada de terra esburacada que corta a região é difícil.
Os assentados estão quase enclausurados. Os poucos bares estão fechados e muitas crianças deixaram de ir à aula. Várias famílias, entre elas a dos líderes extrativistas, abandonaram as casas.
"Existe um clima de incerteza", disse Claudelice Silva dos Santos, 29, irmã de José Cláudio. "Diante disso, nossas famílias acharam por bem sair." Quem ficou tenta reforçar a segurança.
Além de criar rotas de fuga na floresta, como fez o agricultor ameaçado de morte, muitos juntaram os parentes em uma só moradia, como o casal de trabalhadores rurais Francisco dos Santos da Silva, 31, e Adriana Almeida Santos, 25, e os quatro filhos.
A família mora a cerca de 300 metros do local onde Eremilton foi assassinado. Após a morte do colono, todos foram para a casa da mãe de Francisco. "A gente não sai", disse Adriana. "Choro pensando que os pistoleiros podem estar arrodeando."
Picapes da Polícia Federal circulam pelo assentamento e helicópteros sobrevoam a região. Fiscais do Ibama rondam as glebas em busca de madeireiros e carvoeiros.
Para Luiz dos Santos Monteiro, um dos cunhados do líder extrativista morto, o clima de terror só vai terminar quando os assassinos e mandantes dos crimes forem presos. "Enquanto isso, vai ficar o medo de sumir um e desaparecer outro por aqui."



A madereira Bel Monte, em Nova Ipixuna, foi embargada pelo Ibama nesta terça-feira
A madereira Bel Monte, em Nova Ipixuna, foi embargada pelo Ibama nesta terça-feira

Rondônia: Polícia prende em Extrema acusado de matar o lider dos sem terras Adelino Ramos

NÃO BASTA  MATAREM HOMENS,TEM QUE MATAREM MULHERES TAMBEM????
 
Porto Veho | Rondônia - Uma grande operação policial nos estados de Rondônia, Acre e Amazonas resultou na prisão de Ozéas Vicente Machado, de 38 anos, acusado de matar o líder dos sem-terras Adelino Ramos, o Dinho, de 48.
 
Ozéas foi preso após ter sido reconhecido pela foto divulgada pela políciaOzéas foi preso após ter sido reconhecido pela foto divulgada pela políciaOzéas foi preso no distrito de Extrema e está sendo conduzido para Porto Velho. Às 13 horas desta segunda-feira a cúpula da Secretaria de Segurança de Rondônia dará uma entrevista à imprensa sobre a prisão e as investigações da morte de Dinho, membro do Movimento Camponês Corumbiara, assassinado com cinco tiros, na última sexta-feira, no distrito de Vista Alegre do Abunã.
A VOLTA DA PISTOLAGEM
O crime ocorreu na última sexta feira. Foi apurado que Adelino transitava pela Rua Ivo Carneiro, quando foi baleado. Ele ainda chegou a ser socorrido a uma unidade de saúde, mas não resistiu.
No mesmo dia foram iniciadas as investigações e, de acordo com a polícia, todas as provas coletadas até o momento apontam Ozeas como executor, mas há suspeitas de participação de terceiros.
Como Adelino vinha denunciando extração ilegal de madeiras e havia sofrido ameaças de morte, não está descartada a hipótese de crime encomendado, crime de pistolagem. A polícia de Rondônia conta com o apoio das polícias do Acre e Amazonas na região de fronteira com esses estados, para que o matador ou matadores não fiquem na impunidade.
Pelo menos duas testemunhas, inclusive a esposa de Adelino Ramos teriam reconhecido Ozeas Vicente como suposto autor dos tiros que mataram a vítima.
A mulher, inclusive, está sob proteção da Polícia Federal, uma vez que também teria sofrido ameaças de morte. Com base nas provas apresentadas, a justiça acatou o pedido de prisão preventiva, mas o suspeito continuava embrenhado nas matas.

FAMÍLIA DE SUSPEITO DA MORTE DE ADELINO RAMOS FEZ AMEAÇAS, DIZ DELEGADO


O delegado regional de Extrema, Thales Beiruth, disse na manhã desta quinta-feira em Porto Velho que a família de Ozias Vicente fez ameaças de morte ao líder camponês Adelino Ramos, que havia denunciado a extração ilegal de madeiras na região da Ponta do Abunã. Adelino, ex-líder do Movimento Camponês Corumbiara (MCC) foi morto a tiros no último dia 27 em Vista Alegre. A Polícia aponta Ozias como o executor do crime e diz que há envolvimento de seus irmãos. O delegado explicou detalhes da prisão de mais outros suspeitos nesta quarta: Odair Pinheiro Cunha, Pedro Jesus de Souza, Zaqueu Jesus de Souza, Jobe Vicente e Marcos Antonio Rangel. Outro suspeito, Luis Vicente conseguiu fugir.