terça-feira, 14 de junho de 2011
Eu sou a marca da Fera, Da luta de Adelino Ramos
Por: Francisco Pantera
São mais de cinco séculos
Que a terra é monopólio em nossa nação
Do “descobrimento” até nossos dias
Uma bandeira do povo que não aparece solução
Quem perde é o país
Sem resolver essa questão.
O problema da Reforma Agrária no Brasil
É uma vergonha social
Na Europa ela foi realizada
Logo após a Revolução Industrial
Nos Estados Unidos da América
Após sua independência nacional.
No mundo chamado “moderno”
No mundo chamado “civilizado”
Nem um país classificado desenvolvido
Ergueu-se sem uma Reforma Agrária ter realizado
Falar de Reforma Agrária atualmente
É coisa de país muito atrasado.
A formação sócio-econômica de nosso país
É cheia de deformação, atrasada e elitista.
Foram quase quatro séculos de escravidão colonial
A nossa “independência” (tardia) veio acompanhada com o ideário monarquista
E a história da República brasileira
Manteve a grande propriedade da terra intocável, sempre a serviço do latifúndio monopolista.
A luta pela terra no Brasil
Nas páginas da história está registrado
Vem dos levantes indígenas, dos quilombos, da farroupilha...
Da cabanagem, do conselheiro, do contestado...
Do cangaço, das ligas camponesas, da guerrilha do Araguaia...
Do MST, do MCC, da liga campesina... Movimentos herdeiros da luta do passado.
Os massacres de Eldorado dos Carajás e Corumbiara
Teve a complacência do estado a serviço do latifúndio covarde
Onde camponeses foram cruelmente assassinados
Seus verdadeiros responsáveis absolvidos, o judiciário legitimou a crueldade.
Numa demonstração clara pra o mundo
Que o Brasil é o paraíso da impunidade.
Não cabe mais no século vinte e um
Ficar impunes criminosos de lideranças camponesas e ambientais
Recentemente deram suas vidas: Chico Mendes, Paulo Fonteles...
Irmã Doroth, José Cláudio, Maria do Espírito Santo, Irmãos Canutos e outras lideranças dos movimentos sociais.
Quem defende essa bandeira não pode se intimidar
Na luta contra os degradadores da Amazônia ladrões de nossos recursos naturais.
Está acontecendo no Brasil
Uma guerra civil não declarada
Dezenas de lideranças camponesas e ambientais
Estão com suas vidas marcadas pra serem assassinadas
É hora de reagir com o povo da rua
Porque mais vidas não podem ser sacrificadas.
Após o massacre da fazenda Santa Helina
Dinho liderou a criação do movimento camponês Corumbiara (MCC)
Movimento que foi responsável
Em Rondônia, por vários assentamentos acontecer.
Muitas famílias hoje têm um pedaço de terra
Porque a luta do movimento fez prevalecer.
Adelino Ramos, apesar de pouco estudo.
Tinha um profundo conhecimento do mapa agrário do nosso Estado
Estava liderando um assentamento florestal
Que pelo governo do amazonas tinha sido convidado
Por denunciar o roubo ilegal de madeira estava ameaçado
E vendendo o fruto do seu trabalho foi barbaramente assassinado.
Dinho foi um guerreiro patriota.
Que da luta não fugiu
O seu exemplo de dedicação
Terá continuidade por milhões nesse grande Brasil
Pela construção de um país socialmente justo
Livre da ganância do capitalismo hostil.
A luta dos comunistas pela reforma agrária
É algo que não nos separa
São quase noventa anos de existência
O socialismo vive! O tempo não para!
Adelino erguia essa bandeira
Assim como erguia a bandeira do movimento camponês Corumbiara.
*A aqui dedico à canção de Atahualpa Yupanqui.
Em memória de Adelino Ramos, a sua família e
aos defensores da Reforma Agrária e todos
os homens e mulheres que defendem a nossa
Amazônia com desenvolvimento econômico
com responsabilidade ambiental e justiça social.
Traduzida para o Português.
Eu tenho tantos irmãos
Eu tenho tantos irmãos
que não os posso contar
No vale, nas montanhas
nos pampas e no mar.
Cada qual com seus trabalhos
com seus sonhos cada qual.
Com a esperança à frente
com as memórias atrás.
Eu tenho tantos irmãos
que não os posso contar
Gente de mão quente
por isso da amizade,
com uma oração para rezar
Com um choro para chorar.
Com um horizonte aberto
que está sempre mais além.
E esta força para buscá-lo
com determinação e vontade.
Quando parece mais perto
é quando está mais longe.
Eu tenho tantos irmãos
que não os posso contar
E assim caminhamos
curtidos de solidão.
Nos perdemos pelo mundo
E voltamos a nos encontrar.
E assim nós reconhecemos
pelo olhar distante,
pela canção que mordemos
semente da imensidão.
E assim continuamos andando
curtidos de solidão.
E em nós os nossos mortos
para que ninguém fique para trás.
Eu tenho tantos irmãos
que não os posso contar
e uma linda namorada
chamada Liberdade!
Francisco Batista Pantera , Professor , Jornalista , Poeta e dirigente do PCdoB.
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