Osias Vicente é o único suspeito que será indiciado no inquérito policial. Ele está preso em Porto Velho (RO)
Extrema (RO), 07 de Junho de 2011Antônio Paulo*
O delegado de Extrema, Talles Beiruth, responsável pelas investigações e inquérito do assassinato de Adelino Ramos
O inquérito policial sobre o assassinato deverá ser entregue nesta quarta-feira (08) pelo delegado da Polícia Civil do distrito de Extrema (RO), Talles Beiruth, ao juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Velho.
O delegado informou que do inquérito é de 30 dias, mas como o autor foi logo identificado por meio de testemunhas, a prisão preventiva foi pedida.
Osias Vicente foi recolhido ao presídio, interrogado, indiciado e encaminhado ao presídio de Porto Velho.
A partir daí, começou a contar o prazo de dez dias por se tratar de reu preso.
Caso o inquérito policial não seja concluído nesta quarta-feira, Osias Vicente terá que ser libertado segundo o Código Penal Brasileiro. Daí a pressa do delegado de Extrema para concluir as investigações.
Encomenda
Osias Vicente está preso na capital rondoniense desde o dia 30 de maio. Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado três dias antes.
Talles Beiruth não pretende incluir outras pessoas no inquérito policial como mandantes do assassinato por não ter provas materiais concretas para fazer a acusação.
Mas o delegado dá pistas de que o crime pode ter sido encomendado ou de interesse de outros, o que pode ensejar em novas investigações.
A primeira insinuação é o fato de que Osias Vicente se diz autônomo e dono de uma pequena oficina de marcenaria em Vista Alegre do Abunã, onde Adelino Ramos foi assassinado.
O indício mais forte de que há pessoas por traz do assassinato de Dinho é a realização da Operação Dinísia II, da Polícia Federal.
Consórcio
Os agentes federais estavam na região de conflito antes da morte do líder camponês, mas a operação de combate à extração ilegal de madeira foi intensificada a partir do assassinato em 27 de maio.
Segundo o delegado de Extrema, mais de 40 veículos da PF chegaram à Vista Alegre; ocorreram diversas buscas e apreensões de material e prisão de oito madeireiros.
O delegado da Polícia Civil de Extrema de Rondônia diz que os policiais federais apuram, em Vista Alegre do Abunã, a relação de um suposto consórcio entre madeireiros da região, podendo existir certa ligação de evidência com o mandante do crime, mas essa certeza somente pode ser confirmada a partir de uma investigação. Ele aguarda essas informações da Polícia Federal.
“Temos motivos suficientes, por si só, para demonstrar que Osias Vicente tinha interesse na morte do Adelino, mas também não descartamos a hipótese de outras pessoas terem interesses; possam ter se conluiado a ele e estar envolvidas na morte da vítima. Se o suposto consórcio de madeireiros poderia está envolvido? Talvez, mas nada está confirmado. É temerário afirmar sobre esse ponto”, declara Talles Beiruth.
Disputa
O delegado Talles Beiruth, há quatro meses atuando em Extrema de Rondônia, com apenas dois agentes investigadores e um escrivão, não descarta a hipótese de haver mandantes da morte de Adelino Ramos, mas vai indiciar Osias Vicente por já ter elementos suficientes que apontam motivação e interesse no assassinato.
Ele cita depoimento do próprio Dinho, feito em agosto de 2010, à polícia de Lábrea, no Amazonas, onde faz denúncias da extração ilegal de madeira, na área do Projeto de Assentamento Florestal (PPAF) Curuquetê.
O principal motivo, apontado pelo delegado, era disputa pelas terras disponíveis para assentamento.
Dinho estava com o PAF, junto ao Incra, para assentar cem famílias e Osias, segundo as investigações de Talles Beiruth, também havia pedido uma área ao mesmo instituto para distribuir 3.000 alqueires a dez famílias em uma área ao lado do Projeto de Assentamento Florestal liderado por Adelino Ramos.
“Nesse depoimento, a vítima diz que tinha sido procurado e comentado com a esposa que vinha sendo assediado tanto por Osias quanto pelo irmão dele e o estavam ameaçando de morte. Mas, ele nega as acusações. Diz que a demarcação foi feita acompanhada por uma equipe contratada por uma empresa particular, ligada ao Incra. Acompanhou a demarcação e que não ia à região, tampouco tinha contato com a vítima. Logo, não teria motivo para ser o autor do crime”, conta o delegado.
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